segunda-feira, 6 de abril de 2009

"Mão na Massa" com Vanderlei Arame



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Arame é “pau para toda obra”, possui um estilo único de andar de skate, muito carismático. Em todo lugar que passa, deixa uma legião de fãs que o seguem - seja no visual de suas roupas, ou nas boas ações da vida. Dono de uma criatividade enorme, consegue enxergar pontos de vista totalmente fora do padrão, característica que o faz extrapolar os limites. Como todo trabalhador (kkk), começamos o dia bem cedo e fomos direto fazer a compra dos materiais para a construção do obstáculo no Depósito Vitória. Tínhamos R$ 100,00 para todo o material, e o Arame deu a idéia de guardarmos R$ 50,00 para comprar Coca-Cola. Explicamos ao dono do depósito o nosso projeto, e que tínhamos apenas R$ 50,00 para comprar todo o material. Ele já conhecia o Arame da vizinhança e falou para ficarmos tranquilos que, no final das compras, ele daria um bom desconto. No final, o valor foi de R$ 87,50! Falamos com o dono novamente e tudo ficou por R$ 40,00. Quando fomos acertar a conta, a mulher do caixa falou que não precisava pagar, porque o Depósito Vitória estava nos ajudando. Além do mais o Arame é gente fina! Chegando ao local, confirmei a minha impressão sobre o Arame - ele não é o Super Homem, mas tem visão além do alcance. Tínhamos muito trabalho pela frente, porque teríamos que construir três rampas diferentes. Aos poucos, fomos fazendo amizade com a molecada local e não demorou muito para o Arame se enturmar com todos e começar a empinar pipa, jogar taco e sair correndo atrás de pipa “mandado”. E nada de começar a preparar o cimento!!! O Arame chegava a largar a pá de pedreiro no chão e sair correndo atrás das pipas. A molecada já tinha o Arame como um herói que caiu ali de balão... Sorte que os grandes amigos do Arame - o Neguinho, New e Allan - estavam presentes e deram a maior força para a construção dos picos. Este bairro é muito distante do centro e, para chegar, tivemos que dar muitas voltas. Perguntei ao Arame como ele tinha encontrado este lugar e ele respondeu: “Estava correndo atrás de um balão e, quando percebi, estava aqui nestas quadras de futebol. A maioria dos lugares diferentes que eu acho para andar é por causa dos balões”. Começamos a fazer o cimento e, ao mesmo tempo, começou o questionário das crianças: "O que vai acontecer? Como faz? O que é? Quando vai ser? Você é famoso? Machuca?"... Depois de muitas risadas, aos poucos a galera local se propôs a ajudar na construção. No final do dia, estávamos exaustos de tanto fazer cimento. Para se ter uma idéia, foram usados quatro sacos de 50 Kg de cimento. A receita de um bom cimento é uma parte de cimento para três de areia. Aí já dá para ter uma idéia de quantos quilos de massa a gente fez. Hora de descansar um pouco, pra poder andar amanhã! Logo de manhã, ao chegarmos, recebemos a notícia de que, na madrugada, vieram uns caras e quebraram uma das rampas. Por sorte, o Denis, um dos meninos que nos ajudaram no dia anterior, viu os caras destruindo tudo e, no meio da chuva junto com outro amiguinho, reconstruiu a rampa. Quando chegamos, estava tudo certinho, pronto para andar. O clima da quadra era de total harmonia, a criançada me falou que nunca havia tido tanta gente na quadra ao mesmo tempo. Tinha pessoas de todos os tipos, desde pais curiosos porque os filhos somente falavam de skate em casa, a galera do futebol, que deu mais espaço para a gente andar e não posso de deixar de falar das senhoras que não saíam das janelas dos apartamentos. Tinha uma que chegou a almoçar, olhando da janela. Parecia um evento radical, dentro e fora das quadras. Na rua, tinha uma “apresentação” dos motoqueiros que subiam empinando a moto, ou melhor, “dando um grau”; os bikers desciam a rua somente com a roda da frente da bicicleta e, dentro das quadras, muitos olhos atentos para tudo que estava prestes a começar. Usamos a moto do Neguinho pra pegarmos mais velocidade e subirmos na parede que construímos. Logo de cara, o Arame já mandou um rock'n'roll, seguido de um bean plant. A molecada não acreditava no que estava vendo, cada manobra voltada era comemorada com uma volta olímpica na quadra, puxada pela moto! Para finalizar a session, Arame foi para a quadra de cima e ficou olhando a rampa que os meninos arrumaram. Ficou falando que não dava para usar, que estava muito torta e estava com medo de voltar. Fizemos um aposta que, se ele acertasse, iria ganhar R$ 100,00 em cheques pré-datados. Ofereci três tentativas para ele voltar a manobra. Ele, já todo adrenado, falou que precisava apenas de duas. Na primeira, já jogou um flip nose stop na mureta e puxou de nose blunt drop para a rampa de 45 graus da outra quadra. Na segunda tentativa, foi, acertou a manobra e ganhou meus chequinhos pré-datados! Finalizando o dia com chave de ouro, distribuímos adesivos e alguns brindes para todos que ajudaram.

Fonte: Planeta EXPN

Foto: Otávio Neto

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